Quartas da Liga dos Campeões: Três barbadas e um páreo duro

Verdade, jogos de mata-mata são pródigos em surpresas (e por isso, normalmente, torcedores de times que jamais vencem alguma coisa acham o método mais “emocionante” – já que no caso, é a única maneira de eles mesmos terem alguma emoção). Mesmo assim, as quartas-de-finais da LC desenham uma semifinal com Internazionale, Barcelona e Real Madrid e com um duelo de sangue entre Manchester United e Chelsea.

O Barcelona pegou o adversário mais fraco dos oito. O time ucraniano está fazendo hora extra na competição, só tendo passado porque enfrentou uma Roma digna de Campeonato Carioca. O Shakhtar até que tem jogadores razoáveis e é arrumadinho, mas só ganha do Barcelona se os catalães viajarem a Donetsk achando que têm o jogo ganho. Como palpite, duas vitórias secas do Barcelona  (grato, Michel Costa).

Em Madri, a expectativa é similar. O Tottenham não tem nem bala na agulha, nem camisa, nem treinador para superar o Real Madrid. O confronto é o típico embate do qual Cristiano Ronaldo gosta, porque se sente à vontade para usar todo seu talento. Mourinho sabe que não perdendo em Londres, a vaga é sua. É difícil imaginar de onde o Tottenham poderá tirar um coelho da cartola com um técnico limitado como Harry Redknapp. Duas vitórias do Real, e em Londres, com um placar maior e show de Cristiano Ronaldo.

A Inter também tem um adversário teoricamente fácil. A saída de Felix Magath é a causa do “teoricamente”. Supostamente, um técnico que sai deixa um time mais desequilibrado (e no caso do Schalke, não é um celeiro de craques). Contudo, a chegada de Ralf Rangnick, ex-Hoffenheim e com uma passagem anterior pelo clube, há premissas para uma possível surpresa. Rangnick gosta de futebol bem jogado e buscando o gol, mas seus times não são suicidas. Haja visto que Felix Magath estava com a moral em baixa no clube junto aos jogadores, não estranhe se aparecer um superSchalke em Milão. De qualquer maneira, Inter favoritíssima. Vitória italiana em Milão e empate em Gelsenkirchen. As chances do Schalke estão justamente no jogo na Itália.

No confronto inglês, o grande clássico. É imprevisível – mesmo. O United tem um time muito superior, mas no confronto recente, todo mundo sabe como terminou. Vários dos jogadores chave do Chelsea ainda estão em débito na temporada, como Lampard, Drogba e principalmente Fernando Torres, um match-winner em potencial que teria uma grande chance de mostrar a que veio. O Manchester, por sua vez, precisa encerrar a instabilidade da temporada, Wayne Rooney precisa dar ainda mais de si (sua temporada é muito boa, mas ele pode mais), tudo isso sem o capitão Rio Ferdinand – que não é um gênio, mas sem o qual, o time se ressente.

O grande desdobramento que o mundo espera, contudo, é na semifinal, onde tudo está pronto para um duelo inesquecível entre Barcelona e Real Madrid. Seria um jogo à altura da competição. Internazionale e Manchester não seria um joguinho, mas Real x Barça, Messi x Ronaldo, Mourinho x Guardiola, Barcelona x Madrid, Xavi-Iniesta x Khedira-Özil, todos os elementos apontam para partidas que entrariam para a história mesmo antes de começar.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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