As negociações na Série A

O mercado de janeiro ainda será bastante interessante na Itália. É uma necessidade fundamental, principalmente para os três grandes Juve, Milan e Inter. Roma, Genoa e Fiorentina fazem acertos, mas só de lapidação.

A Inter terá um atacante até o dia 31 de janeiro. Não se trata só de necessidade. Depois de um semestre de decepções e críticas, Massimo Moratti teve seu orgulho ferido pelas insinuações de que a Inter está sem bala na agulha. Perdido (ou quase) Alexis Sanchez (que apesar de ótimo, não é o que Leonardo precisa), a chegada será de um centroavante. Todos os disponíveis no mercado são viáveis: Luis Fabiano, Vucinic, Mutu, Castaignos (Feyenoord), mas além do brasileiro, só o montenegrino tem como fazer bem o papel de primeiro atacante (jogava assim no Lecce, especialmente depois da ida de Chevantón para a Roma). Vucinic seria a contratação mais cara porque, além de ser uma rival direta da Inter, a Roma tem de pagar uma parte de uma possível venda ao Lecce. O verdadeiro desafio de Leonardo é o de fazer Eto’o jogar no nível dos dois últimos anos. Se conseguir, resolve os problemas ofensivos. Se não, a solução depende de Milito não se machucar mais.

Em Turim, tem-se a situação mais dramática. Juventus precisaria de um novo departamento médico e dois atacantes, porque apesar de uma vasta fauna no setor (Amauri, Iaquinta, Quagliarella, Del Piero, Toni e os atacantes agregados Krasic e Pepe), não é possível saber de quem se pode esperar alguma coisa por conta de lesões e má fase. Todos os alvos de mercado de peso parecem perdidos ou quase (Dzeko, Luis Fabiano, Fernando Torres). Di Natale e Di Vaio, cogitados no começo da temporada, são os artilheiros da Série A e hoje, devem parecer um tremendo negócio não realzado. Não consigo vislumbrar um acerto de elenco ainda pare este campeonato.Até num improvável retorno de Fabio Capello se fala.

O Milan conduz suas negociações da maneira mais eficiente até aqui. Despistou a contratação de Emanuelson com as conversas por Lazzari (que dificlmente chegará a San Siro porque seu espaço é exatamente o que o holandês preencherá – a de meio-campista pela esquerda – com a vantagem para Emanuelson de poder cobrir a lateral. Fala-se na chegada de mais um meio-campista (seria van Bommel), mas o mais provável é que o Milan abra o bolso e leve a Milão um entre Criscito (mais provável) e Ivanovic. O primeiro tem a vantagem de jogar na lateral e zaga, embora nunca tenha realmente provado seu potencial (lembra muito o perfil de Bonera antes de chegar ao Milan, embora seja definitivamente mais técnico). Com a contusão de Nesta, Criscito poderia também, se preciso, jogar na zaga pela esquerda (posição que queimou seu filme na Juventus, onde foi despachado de volta ao genoa depois de só seis meses). Pelas relações entre Genoa e Milan e a necessidade de um lateral e um zagueiro, Criscito parece próximo de Milanello.

Na Roma, se ninguém for embora é uma bola dentro. A Sky divulgou que Méxes renovará em uma semana e certamente esta é a melhor notícia para os romanistas. O francês é um zagueirão (para mim, o melhor do time) e perdê-lo por nada seria um pecado. Vucinic sai se houver uma proposta milionária da Inter. Dada a instabilidade societária, manter o elenco como está é um ganho. Se Adriano estivesse em forma, agora teria a chance de ouro para um segundo semestre de ouro em Roma.

Por fim, a Fiorentina tenta colocar ordem num elenco dividido, sem liderança e rendendo muito menos do que pode. Felipe deve sair (frustrando muito em quem apostou nele, como eu), assim como Mutu e possivelmente, Cristiano Zanetti em junho. Mihajlovic tem um bom elenco nas mãos. Jogadores como Vargas, Montolivo, Jovetic (esse, literalmente), D’Agostino e Babacar não jogaram nada nesta temporada. O miolo de zaga é sofrível. Seria alí a necessidade de incisão.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
Top