A fórmula certa para a Roma

Num time que mudou pouquíssimo desde a temporada passada – quando chegou perto de conquistar o título – a Roma despencou. Sem mudanças no elenco, no banco de reservas, e diretoria, somente dois pontos podem ser acusados pela queda de produção: preparo físico e falta de empenho.

É certo que um certo mau humor de Francesco Totti para com o técnico Claudio Ranieri há de ter influenciado no ambiente. Técnicos da Rona que não contam com o apoio de Totti tendem a cair, assim como acontecia no Real Madrid assinado Raúl. Mas nem isso pode representar uma explicação completa. Totti foi titular em oito das nove primeiras rodadas – só Juan jogou mais vezes do que ele.

O problema parece estar no meio-campo. Perrotta, De Rossi e Pizarro deveriam dar segurança num 4-3-1-2, mas nas três primeiras partidas, o time foi uma lástima. Talvez o uso de um trequartista além de Totti tenha deixado o time com muita tração dianteira. Quando passou a usar o 4-4-2, Ranieri recuou seus homens de faixa no meio-campo e deixou Totti com a liberdade que gosta entre meio-campo e ataque. O problema é que assim ele sacrifica o melhor jogador do time, Vucinic, que joga na meia esquerda, longe do gol.

Então significa que é uma disputa entre Totti e Vucinic? Talvez não seja tão simples, mas o montenegrino tem de jogar no ataque e não no meio, longe do gol. Com Borriello ele faria uma dupla ideal em termos de características, mas não parece ser provável. O francês Mènez, bem menos talentoso que Vucinic, também está numa situação desconfortável por conta do problema tático originado na necessidade de se escalar Totti.

Por conta da contratação de Burdisso, Mèxes também vem sendo subutilizado. Um esquema com três zagueiros foi usado contra o Napoli, mas Juan jogava com Burdisso e Cassetti, sendo que Burdisso pela esquerda. Se o argentino for invertido para a direita e Mexès atuar pela esquerda, o sacrifício passa a ser em Riise, que no meio-campo é burocrático e não tão veloz para jogar na ala.

Resumindo, à Roma sobre um zagueiro “titular” e falta um lateral-direito. Embora Cassetti não seja ruim, não permite uma defesa confiável. Um 4-3-3 seria adequado para o atual elenco se tivesse o lateral destro e um atacante com as características de Vucinic pelo mesmo lado. Aí, sobraria Totti. Como o capitão está fora do dérbi romano por lesão (o capitão da Lazio, Rocchi, disse que ausência de Totti é uma vantagem para a Roma), Ranieri e a torcida verão se o time pode ou não ser forte sem ele. Com a escalação certa, minha aposta é que a Roma pode crescer sem Totti – desde que ninguém faça corpo mole.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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