Saiu

A saída de Mourinho não é surpresa. Aliás, é sintoma de inteligência. Mourinho não poderia fazer mais nada na Inter e sabe que nos próximos anos, a concorrência de Milan e Juventus tende a voltar a ser similar à histórica. Além disso, o regime “Mourinhista” tem historicamente uma curta duração. Sua disciplina draconiana fatiga os envolvidos. Ir para o Real é uma aposta megalômana com boas chances de dar certo.

Na Espanha, Mourinho, que já terá um elenco muito bom, poderá comprar os zagueirose volantes capazes de fazer do Real Madrid um time, como há muito não se vê. Não faltará dinheiro. Além disso, terá a chance de derrubar mais uma vez o Barcelona e desta vez, iniciar a onipotência madridista, que certamente terá uma reverberação muito maior do que a conseguida na Inter ou Porto.

Além disso, Mourinho deixa para trás, um elenco bom, mas não estelar, que conseguiu uma proeza além de suas próprias forças, algo similar ao que fez o Milan de Kaká em 2007. Sim, a Inter tem dinheiro, mas para conseguir outro técnico capaz de controlar o ambiente militarmente, há poucos nomes no mercado. Fabio Capello é um deles, mas se a Inglaterra for campeã, Capello não sai de Londres nem a bala.

A concorrência também deve melhorar. A Juventus de Delneri pode não ser fabulosa, mas será competitiva, especialmente com a carta branca dada a ele para disciplinar ‘senadores’. O Milan deve iniciar um processo de rejuvenescimento que, caso seja levado a cabo, deve dar resultados em dois anos. Roma, Napoli, Palermo, Samp e Genoa também serão rivais mais complexos. Mourinho tinha tudo a perdere nada a ganhar.

Ele dará certo no Real? Sim. Dará, iniciará uma dominação madridista e só não fará uma gestão longa como a de Alex Ferguson no Manchester porque seu temperamento lhe cria inimigos demais. Mourinho pode encerrar a carreira como o maior técnico de todos os tempos em termos de resultados. Caso o português não resolva o Real, o clube pode fechar as portas. Ninguém jamais dará.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.

5 Comments

  1. quero ver se o Real banca ele caso ele passe o primeiro ano em branco.

  2. Carissimo, um quase ‘off topic’: levando em consideração a sua hipotese de reformulação milanista, a mesma estaria a desqualificar os rumores de 35 milhões (+Huntelaar ou Borriello) supostamente a serem oferecidos por Ibrahimovic, não? Ou isso poderia acontecer dado o potencial de marketing de Ibrah? Eu creio que não pq levo sua visão em consideração que implicaria também, com Ibrah, numa extrapolação do teto salarial em Milanello. Minha interpretação faz sentido a vc? Abs!

  3. E o SuperBarça, com Villa-Pedro-Messi-Xavi-Iniesta? Vai ser um duelo legal de se ver….uma pena é que deve haver no campeonato espanhol uma polarização ao extremos, com Sevilla, Valencia e Villarreal so assistindo e chupando dedo sem ter muito o que fazer

  4. O problema do Madrid sempre foi a cartolagem. Não fosse a absurda megalomania dos dirigentes (e da torcida tbém, claro), o clube Merengue poderia ter mais uma ou duas UCL’s na sala de troféus.

    Abraço.

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