Comentando a seleção: Luis Suàrez

Enquanto escrevo essas linhas (ainda é quinta-feira), o Ajax já realiza uma campanha de números majestosos na Eredivisie. Já são 102 gols com mais cinco partidas a realizar. Ainda são 20 a menos do que o recorde da liga, estabelecidos pelo time de um certo Johan Cruyff, mas as cifras impressionam. Na locomotiva maior, um atacante, como manda a tradição ofensiva do clube: o uruguaio Luis Suárez.

Suárez tem números de respeito. Mesmo. São 80 gols em 99 jogos pelo clube de Amsterdam. Para se ter uma base, Romário fez 98 em 109 jogos no PSV. Na temporada, quase metade dos gols do clube passaram por seus pés – 35 gols e 15 assistências. Esses números o levarão com certeza para uma liga maior.

O uruguaio se consolidou no futebol europeu como um protótipo de atacante moderno. pode jogar pelos dois lados do campo, como centroavante, segundo atacante ou qualquer outro papel. Com 1m81 e 81 kg, é forte fisicamente mas mantém a velocidade e a capacidade de saltar o marcador a qualquer momento. É rápido no giro e arremata bem de curta e longa distância.

Sua campanha é tão impressionante que a própria premissa de incluí-lo nessa seleção – a de buscar jogadores talentosos que ainda não sejam megafamosos – já foi por terra. Suárez não deve deixar o Ajax por menos de €30 milhões – mais ou menos o dobro do que pagou ao Groningen pelo seu futebol. Numa posição ideal, acho que Suárez iria muito bem num trio de atacantes como externo. Ele corre um risco: tem de ir para um time no qual possa jogar mais para continuar evoluindo e não um Manchester City para brigar com estrelas. Pode se tornar o melhor fogador uruguaio desde Enzo Francescoli.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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