Comentando a seleção: Dani Alves

Daniel Alves não é só o melhor lateral da atualidade. Ele caminha para ser um dos maiores da posição em todos os tempos. Como não teve carreira no Brasil, sacrificou parte de sua trajetória na Seleção Brasileira, mas tivesse jogado em Flamengo ou São Paulo e seria lateral titular desde muito cedo.

Alves não segue à risca a escrita de um lateral. Ele não se limita à sua faixa de campo, como por exemplo faz o excelente Maicon (hoje, um jogador infinitamente melhor do que quando chegou à Itália). Daniel Alves é um meio-campista agregado quando o Barça tem a bola e um zagueiro extra quando se defende. Capaz de jogar nos dois lados do campo, é algo muito próximo ao ideal de jogador moderno. Talvez não tenha a desenvoltura excelente também próximo ao gol muito devido ao esquema tático do Barça onde Messi e Ibra são os terminais ofensivos e Xavi é o homem que mais cruza na área.

Mesmo assim, ele é um prodígio: terceiro maior passador do campeonato (segundo do Barça, atrás do multihomem Xavi), terceiro maior assistente do torneio, e certamente é um dos insusbtituíveis do Barcelona e um potencial titular para qualquer time do mundo. Sua longa vida europeia deu a ele uma consciência tática e defensiva que Cafu, por exemplo (que era outro prodígio), jamais teve. Ao lado de Kaká e Júlio César, é um dos jogadores sem os quais qualquer técnico da Seleção não passaria sem.

Uma contratação sua se explicaria, mesmo a um preço irreal, porque ele não tem similar. Maicon é um tanque de guerra, mas é muito mais limitado à lateral-direita. Outros jogadores de grandes clubes como Sergio Ramos, Sagna, Micah Richards, Lahm não limpam as suas botas. Rafael, do Manchester United, é o único lateral do qual eu me lembre com potencial para chegar ao nível de Daniel Alves. Mas ainda falta chão.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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