Acabei de falar disso no Twitter, mas merece a menção. Do Twitter de Alex Bellos, jornalista inglês:
“Difference is that Brazilians who make it in Euro clubs have to be physically stronger/have better nutrition etc than domestic club players”.
Sempre achei que, em algumas coisas, Bellos ouvia o galo cantar e não sabia aonde. Seu livro sobre futebol brasileiro tem coisas muito legais (como um brasileiro que atuava no campeonato Faroe) mas muita merda como um “carrobol” que teria sido mania aqui nos anos 70. Sua leitura do mundo do futebol brasileiro era 1) ou enviesada pela cultura de um estrangeiro que lê tudo conforme seu background cultural ou 2) “empacotada” para ser vendida com facilidade no exterior. Válida, mas com ressalvas.
Há sim uma diferença física entre os jogadores brasileiro daqui e no exterior. Lá, é preciso fazer mais musculação para ganhar físico, uma vez que num futebol de contato, é a diferença entre jogar ou ser jogado para fora. Mas quando Kaká foi para o Milan, já tinha encorpado, assim como Julio Baptista, Thiago Silva ou outros. Só que isso não é um “déficit” nutricional. No Brasil, o jogador pode ser mais leve e isso dá mais velocidade e agilidade. Lá, precisa ser mais forte e resistente (já que se corre em média 30% a mais por partida – falando de ligas importantes, claro). Nos aspetos preparação física, fisiologia e fisioterapia, o Brasil dá mostras do que tem de melhor.
Dizer que o jogador no Brasil se alimenta pior que na Europa é de um – na melhor das hipóteses – desconhecimento total do assunto. Em termos de nutrição e preparação física, o Brasil é top. Os leitores que me acompanham a mais tempo que entre todos os jornalistas, certamente eu sou um dos críticos mais agudos do futebol brasileiro. Não é o caso de patriotada. Bellos faz uma observação errada e que pode ou não estar carregada de preconceito. Pode ser que no contexto ele seja mais claro, mas a observação por si só é uma grandicíssima bobagem – digna dos piores jornalistas brasileiros. Pode ser que eu tenha entendido tudo errado e se for o caso, me corrigirei. Mas confesso que a “Twittada” me pareceu carregada de malismo.
Com certeza são pontos diferentes, Jan. Mas no que tange a questão da nutrição, não estamos atrás dos países que citei.
Abraço.
Jan, concordo, mas é a mesma questão: o nível geral é padrão Somália, mas os clubes realmente sérios (que é de onde saíram Kaká, Júlio Baptista, Alexandre Pato, etc) têm profissionais de nível. Se pegarmos qualquer profissão estamos defasados até com o Chade, Comoros etc. Basta ver o tipo de cidadão/profissional que a Uniban forma… abs
Bobagem. Já vi reportagem na televisão que mostrava uma “fábrica” de futuros craque. E eles eram moleques que ainda não haviam atingido a adolescência, mas já eram tratados de modo especial, principalmente no quesito alimentação, para que uma futura inserção no mercado europeu ficasse mais fácil.
Só é interessante não confundir medicina esportiva com preparação física e nutrição.
São duas coisas completamente diferentes.
Fisioterapeuta não é preparador físico, nm nutricionista ou fisiologista.
Tirando na parte de medicina esportiva ainda estamos bem defasados nessas outras areas citadas.
abraço
Concordo contigo, Cassiano.
Bellos está bastante equivocado em sua (preconceituosa?) frase.
Aliás, um caso emblemático aconteceu com o já citado Kaká. Na temporada anterior, o meia ficou um longo tempo entregue ao DM do Milan e nunca melhorava. Bastou ser cuidado pelos profissionais da Seleção que logo houve a recuperação.
Na ocasião, as declarações sobre o assunto causaram certa polêmica, uma vez que ele não escondeu que o tratamento foi melhor aqui.
Outra questão óbvia é a alimentação. Muitos países como Inglaterra e Rússia são famosos por seus clubes não controlarem bem as dietas de seus atletas. Já na Espanha, por exemplo, o Fabiano Eller chegou a dizer que os jogadores do Atlético de Madrid consumiam vinhos e queijos nos vestiários do clube.
Abraço.
nesse ponto o Brasil evoluiu bastante, e hoje, pelo que se vê em times grandes, tem boas condições, vide o REFFIS do São Paulo, além do Cruzeiro que tem uma estrutura de profissionais e infra-estrutura muito boa… e sobre essa questão de exigência física, é que o modo de jogo lá é diferente daqui.
Bom encontrar gente inteligente na NET.
Parabéns cara.
Caro, verdade (e olhe que longe de mim defender os profissionais do futebol brasileiro de um modo geral) que aqui há uma grande quantidade de picaretas, mas nos clubes de ponta, ou levando a fama ou carregando o piano, há caras bons. Dos que você falou, o único que conseguiu o potenciamento muscular no exterior foi o Adriano. A preparação profissional global na Europa certamente é mais séria, mas nos centros de excelência que há no Brasil, eventualmente não ficamos nada a dever. Pena que aqui sejam pouquíssimos e lá, muitos. Mas o que você quesria de um país no qual o presidente da república faz apologia a não fazer faculdade e um cidadão que é ministro do STJD diz que um jornalista é a mesma coisa que um cozinheiro?
E não levemos a discussão para a Seleção, né? Um lugar onde o cara que organiza é o Americo Faria não pode ser levado a sério.
Obrigado pela concordância Cassiano.
Mas é exatamente isso mesmo. Na questão física existem muitos mitos. Se você parar para analisar, tanto Kaká, quanto Ronaldinho Gaúcho, Adriano, Robinho e Ronaldo ganharam um aumento substancial de massa muscular, força e velocidade na europa. O fortalecimento das estruturas jamais atrapalhou qualquer um desses craques.
A questão dos clubes, temos fisioterapeutas e médicos muito capacitados, mas ainda há muitos mitos no treinamento físico. Sistemas ultrapassados. Até na seleção brasileira é possível ver naquelas longas coberturas na granja comary o preparador físico iniciar um trabalho e os atletas ficarem meia hora fazendo sem nenhuma correção de movimento ou acompanhamento dos profissionais.
Se falarmos em bases fisiologicas então, a coisa fica gritante. Os fisiologistas europeus são os melhores, e a melhor comparação para analise é quando olhamos os atletas brasileiros de ginastica, nasquete, handebol (esportes onde a força física é essencial) e olhamos os atletas brasileiros em sua grande maioria.
Abraços
Jan, obrigado pela observação. Concordo com você no que tange a aumento de peso e limite de agilidade. Minha observação é feita em cima do que vi no desenvolvimento de jogadores como o Kaká, por exemplo. No período em que ele estava “em obras”, ou seja, fazendo trabalho para ganhar força, eu me lembro que ficaram comuns as lesões e uma irregularidade de rendimento, inclusive com perda de performance em quesitos que ele ja era excelente.
Vc tem toda razão quanto ao “mito” de “cresceu, perde agilidade”, embora haja uma alteração no estilo de um jogador. Para ficar no Kaká, eu me lembro que no primeiro periodo no Milan, ele trabalhou mais a força porque já tinha uma explosão natural que permitia a ele não parar de acelerar num pique de 100 metros (no fim do percurso ele ainda estava acelerando).
De qualquer modo a aquisição de características diversas alteram também o uso do atleta e aí não é que o jogador “deixou” de ser ágil, mas que começa a jogar explorando outra virtude. Há casos, como o Ronaldo Nazario, que ganhou tanta massa física que deixou de explorar o lado “velocista” para jogar entre os zagueiros – mas isso porque tinha que se encaixar com Raúl. Hj ele ainda é ágil, mas raramente dá um pique maior. Usa a explosão em trechos curtos, onde não tem rivais.
Sobre os professores de educação física, eu adiciono: não só nessa disciplina, as faculdades estão formando uma legião de analfabetos diplomados. Agora, nos grandes clubes, os profissionais são realmente excepcionais – até mais do que em muito clube grande da Europa. No geral, é uma desgraça mesmo. Mas o que dizer dos médicos, jornalistas e advogados? É melhor?
Mas sobre o post, você tem razão. não há relação e é um mito. Espero que o esclarecimento tenha valido. abs
Interessante! Eu acreditava que nesse ponto poderiamos ter um deficit comparados a Europa!
Abs
Olá…
Acompanho sempre o que você escreve e acho que sempre tem razão.
Sobre o post, na parte que você vincula mais velocidade e agilidade com menor peso, eu devo discordar uma vez que está mais que provado que aumento de peso, ganho de massa muscular, força e potência não limita velocidade nem agilidade de nenhum atleta. Na verdade é justamente o contrário.
E também considero que temos excelentes pessoas na preparação física e nutrição esportiva. Mas não dá para dizer que somos “top”. Os profissionais de educação física no Brasil são em sua grande maioria horriveis, até por isso termos tantos problemas no esporte de alto rendimento.
Só resolvi comentar porque sou Profissional de educação física e sei como as coisas andam pelo lado de cá.
Abraço