Uma Sampdoria empolgante

O sucesso da Sampdoria neste sábado está longe de ser uma sorte, coincidência ou fase. O time de Gênova, que na última década viveu tempos difíceis, chegando quase à Série C, trabalhou forte para reorganizar o clube e se vê. A Samp é um dos melhores times da Itália.

José Mourinho teve um oponente à altura neste sábado. Luigi Del Neri, que é muito questionado – especialmente depois de sua passagem fracassadíssima no Porto (não chegou a dirigir o time em nenhuma partida), montou uma Samp com a cara de seu primeiro Chievo: coletiva, valorizando a posse de bola e sempre visando o gol adversário.

Outra característica da excelente Sampdoria é a de não fazer contratações estrambólicas, mas apostar com inteligência nem novos talentos – especialmente italianos.  Jogadores como Pazzini, Poli, Foti e Palombo refletem isso (embora Pazzini tenha sido a contratação mais cara do clube, €12 milhões). Dos 30 jogadores do time profissional, somente quatro são estrangeiros – uma marca quase sem igual na Europa.

A derrota da Inter não é surpreendente. Não há dúvidas de que os “nerazzurri” sejam o melhor time da Itália há anos, mas ser o melhor não significa ser excelente. Times como Genoa e Samp podem sim desbancar o time de Mourinho, que ainda depende demais dos lampejos de criatividade de alguns craques. O time melhorou sensivelmente em relação ao ano passado – inclusive pela diminuição na dependência de um ou dois nomes, mas ainda não é o que Mourinho gostaria que fosse.

Um título de Genova seria muito mais legal e saudável para o futebol italiano do que o penta da Inter ou mais um “scudetto” da Juve. São times formados ao longo dos anos, sem os excessos dos clubes grandes e com projetos a longo prazo. É tudo o que a Itália precisa para voltar a fazer parte da elite do futebol europeu.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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