Luis Fabiano e mais…

Ninguém – absolutamente ninguém – pode dizer que apostava em Luis Fabiano como titular do time de Dunga quando ele assumiu a Seleção. Vágner Love, Alexandre Pato, Adriano, Afonso Alves, Rafael Sóbis, Ricardo Oliveira, Fred, Jô, todos esses tinham pinta de que ganhariam uma vaga para 2010. Mas a três meses do ano da Copa, só ele fez por merecer.

Dunga anunciou que Robinho é seu titular porque sempre esteve bem. Não é verdade. Dunga o levará – e só não o fará caso Robinho tenha uma lesão grave no dia da lista de jogadores que vai à Africa – por gratidão. Robinho teve seu melhor desempenho da Copa América que Kaká e Ronaldinho “desertaram” porque cometeram o terrível crime de querer férias depois de quase três anos.

Não vejo como condenar Dunga, por mais que ache que Robinho é um desperdício de talento. Poderia ser o melhor jogador do mundo (sem exagero), mas é um jogador burocrático, que aprecia fazer chover quando seu time está ganhando de 3 a 0 do Murcia, mas desaparece quando precisa reverter um placar. Mesmo assim, o elo que se forma entre um técnico e um jogador em tais circunstâncias (vide Felipão levando Luizão para a Copa do Mundo) é, ao meu ver, aceitável.

Na prática, nenhum atacante de Dunga manteve o rendimento. Nenhum. A bem da verdade, além de Luis Fabiano e Robinho (com reservas) poderia bater a mão no peito e exigir uma vaga. Adriano, o terceiro nome considerado certo, está sendo convocado porque joga num time com imensa pressão popular (a exemplo do que ocorrerá com Ronaldo). “Mas ele é artilheiro do Brasileiro!”. É verdade, mas é inegável que o rendimento de inúmeros outros atacantes (Diego Tardelli, Nilmar, Keirrison, Washington, Jonas, Felipe, jogadores que se encontram na luta pela Chuteira de Ouro da Placar) não fica nada a dever a ele no ano. O Adriano em forma – assim como Ronaldo – é um nível acima do futebol brasileiro – e no momento, ele vai bem, mas sem assombros.

Além desses atacantes (que diga-se, não acho que sejam convincentes o suficiente para ir a uma Copa), adicionemos ainda mais alguns “improváveis” candidatos de última hora – Grafite, o próprio Tardelli, e Ronaldo, “o Gordo”, que foi excomungado da Seleção como símbolo da falta de comprometimento do fracassado time de 2006.

Assim, quem seriam os dois (ou três) nomes de Dunga para fechar o grupo? Parece brincadeira, mas a verdade é que temos zagueiros e laterais-direitos de sobra – posições que sempre foram carentes – e nos faltam atacantes e laterais-esquerdos – posições que até outro dia eram problema pelo excesso. A verdade é que caso Ronaldo não và à Copa e Adriano não retome a forma, o Brasil terá uma situação incomum: não terá nenhum ídolo inconteste no ataque.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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