A caminhada do Leeds rumo ao despenhadeiro financeiro na liga de futebol inglesa foi acompanhado por todo mundo que gosta de futebol inglês. Como era possível, um clube que estava na Liga dos Campeões até outro dia e tendo um estádio tão moderno como Elland Road, estar à beira do caos e correndo mesmo o risco de sumir. Pois é. Estava.
A resposta para a pergunta “como pode” é a maior seriedade com a qual o governo e a justiça britânica encaram e regulamentam o futebol. Lá, clubes em dívidas que não possam ser comprovadamente pagas, perdem pontos, são rebaixados e chegam até a sofrer intervenção, com a entrada de administradores que simplesmente deixam de lado a paixão e garantem que o clube pague suas dívidas – mesmo que isso signifique cair para a 17ª divisão.
Esse cenário, que deve causar horror na Gávea ou em General Severiano, foi a salvação do Leeds. Levado à bancarrota por uma administração megalômana (alô, Kléber Leite?), o Leeds facilmente quebraria se fosse uma empresa, mas um ano e meio depois de entrar na administração forçada, apresentou um lucro líquido de £4 milhões (cerca de R$ 15milhões) nos últimos 14 meses. É verdade, ainda não conseguiu se livrar de Ken Bates, um dirigente para lá de suspeito, mas isso é capítulo para outro post.
O interessante nessa recuperação do Leeds para nós brasileiros é a comprovação de que uma legislação impositiva aos clubes de futebol não quer dizer – como apregoam os cartolas – o fim do futebol. Na verdade, pode representar até mesmo uma grande ajuda para uma entidade que precise passar por uma depuração e renovação dos dirigentes (características que certamente encaixam na maioria dos clubes brasileiros).
Não é preciso fazer uma lista dos clubes mais endividados para convencer o leitor, mas se ele quiser pode ver uma matéria sobre o assunto aqui. O endividamento e má gestão crônicos são infinitamente mais nocivos do que um ou dois anos em divisões inferiores ou sem poder lutar por títulos. Enquanto isso não acontece, meia dúzia de maus dirigentes mama nas tetas dos clubes e no final, a conta é paga pelo contribuinte. Contribuinte esse, que quando não paga as suas dívidas, acaba na cadeia.