…e um para se demitir

Ao contrário dos seus pares que lutaram pelo título até as últimas rodadas, Vanderlei Luxemburgo é, de longe, o treinador que obteve o fracasso mais retumbante de 2008. Sim, ele mesmo, que foi capa recente de uma revista de futebol que o desenhava como o “arquiteto” do sucesso palmeirense – um sucesso que não virá.

Luxemburgo teve mais dinheiro para contratações do que São Paulo, Grêmio e Cruzeiro juntos. Até o Flamengo poderia entrar na soma se não tivesse torrefado dinheiro ensandecidamente para levar Josiel e Marcelinho Paraíba (além de Sambueza e Vandinho) na crise pós-saída de Marcinho e Souza. Assim mesmo, Luxemburgo – enterrando a máxima de que ele é excepcional quando tem as contratações que quer – fracassou.

Perdido o título, Luxemburgo começou a falar que o plano “era de longo prazo”. Não cola. A Traffic investe no Palmeiras para vender jogadores e atletas que acabaram em quarto lugar são infinitamente menos vendáveis do que os campeões.

O fracasso do Palmeiras de Luxemburgo é a nota negativa do Brasileiro 2009. Nem o Vasco rebaixado surpreende tanto. Depois de décadas de devastação financeira, sabia-se que o clube cruzmaltino teria de pagar a conta em algum momento. Do Palmeiras, esperava-se o título, com futebol vistoso e com folga. Nenhum dos dois veio.

A gestão dos times de Luxa nos anos recentes inclui uma série de contratações duvidosas, arriscadas e às vezes, nebulosas, cujo risco ele assumia com a inegável capacidade que tem como técnico. Neste ano, a maionese desandou e não é difícil encontrar o que deu errado. Roque Júnior, Gladstone, Jéci, Jumar, Lenny e Jorge Preá poderiam fazer parte de um elenco forte, compondo o time reserva nos treinos. Só que, pelo contrário, em muitas partidas, quando Luxemburgo precisava de um ás na manga no banco, ele tinha Denilson que, em nenhum momento, foi o jogador recuperado que parte da mídia apregoou.

O técnico já disse, para quem quiser ouvir, que deixará o Palmeiras e a agressão dos torcedores é a causa, segundo ele. Na verdade, a agressão sofrida por ele pode até ser útil para que ele “escolha deixar” o Parque Antártica e possa evitar uma demissão. Seu rendimento neste ano certamente merece uma.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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