Apresentação da temporada – final

Fiorentina

Estádio: Artemio Franchi (47.300 lugares).
Técnico: Cesare Prandelli.
Estrela: Luca Toni (atacante).
Fique de olho: Potenza (defensor).
Quem chegou: Mutu (Juventus), Potenza (Mallorca – ESP), Pazienza (Udinese), Gobbi (Cagliari), Frey (Parma), Liverani (Lazio), Fantini (Torino), Maggio (Treviso), Lupatelli (Palermo), Santana (Palermo), Blasi (Juventus), Reginaldo (Treviso).
Quem saiu: Jimenez (Lazio), Bojinov (Juventus), Roccati (fim de contrato), Berti (fim de contrato), Brocchi (Milan), Fiore (Torino), Parravicini (Palermo), Fantini (Bologna), Di Loreto (Torino), Avramov (Treviso).
Pretensão: terminar na metade de cima da tabela.

Com o elenco que tem, o técnico que tem e o entrosamento de duas temporadas completas, a Fiorentina certamente poderia estar entre as candidatas ao título desta temporada. Isso se não tivesse de descontar a punição de 19 pontos entregue pela justiça em decorrência do maior escândalo da historia do futebol – o ‘Calciocaos’.

Pelo menos o clube não caiu, deve ser o que pensam os torcedores – e com razão. Um rebaixamento poderia afastar de vez os mecenas Della Valle, que sustentam o clube com um orçamento milionário.

Assim, a ‘Fiore’ fica redimensionada, mas deve ter um time excelente. Na defesa, Frey segue como referência, e um dos melhores arqueiros da Itália. À sua frente, Kroldrup e Dainelli (este, o elo fraco do setor) têm apoio dos laterais Ujfalusi e Pasqual. Se trata de uma rara combinação de boa marcação e apoio ao ataque.

Mas é na área ofensiva o maior crescimento do time. Ao juntar Santana a Jorgensen nas alas, Prandelli poderá tirar o melhor de Toni – já artilheiro na temporada passada. Alem disso, o treinador volta a trabalhar com Mutu, jogador que rendeu muito sob seu comando no Parma. Prandelli acredita que Mutu é o companheiro ideal para Toni. E ele tem razão, já que o romeno não gosta de jogar na área mas com mobilidade.

Internazionale

Estádio: Giuseppe Meazza “San Siro” (85.700 lugares).
Técnico: Roberto Mancini.
Estrela: Adriano (atacante).
Fique de olho: Gonzalez (meio-campista).
Quem chegou: Gonzalez (Palermo), Ibrahimovic (Juventus), Crespo (Chelsea – ING), Maxwell (Empoli), Maicon (Mônaco – FRA), Dacourt (Roma), Grosso (Palermo), Coco (Livorno), Choutos (Reggina), Vieira (Juventus), M.Gonzalez (Palermo).
Quem saiu: Pizarro (Roma), Favalli (Milan), Wome (Werder Brema), Verón (Estudiantes – ARG), C. Zanetti (Juventus), Pasquale (Livorno), Cesar (Corinthians – BRA).
Pretensão: disputar o título.

Nunca mais a Inter terá um campeonato tão em suas mãos. Além de ter feito as melhores contratações da Itália, os ‘nerazzurri’ tiraram a Juventus de seu caminho de ganharam uma folga considerável (em termos de campeonato italiano) em relação ao Milan. O que mais se poderia pedir?

Entre os poucos problemas que podem afligir o time estão o mau relacionamento entre Mancini e o goleiro Toldo (que já afetou a Inter na última temporada) e uma combinação anômala na zaga, onde Samuel e Córdoba – os dois melhores zagueiros – terão de se revezar e não atuar juntos, uma vez que Mancini acredita (não sem razão) que ambos precisam jogar com um zagueiro de maior estatura – nesta caso, Materazzi. Como o confuso zagueiro fez uma Copa sensacional, pode até ser que o problema esteja resolvido.

De resto, é só alegria. Com Vieira e Cambiasso na regência e Stankovic e Figo pelas alas, o meio-campo interista é fortíssimo, especialmente se combinados com um ataque quase utópico, com Crespo, Adriano e Ibrahimovic. Será que alguma coisa pode dar errado?

Pode. A Inter tem de vencer, vencer e vencer tudo e todos, o tempo todo. A vantagem interista é tamanha que a obrigação da vitória no campeonato se tornou ainda mais gigantesca – como nunca esteve. Se patinar em algum momento, a Inter terá seus efervescentes bastidores incendiando a frágil calma de Appiano Gentile. Se não ganhar nesta temporada, a Inter deve implodir.

Milan

Estádio: Giuseppe Meazza ‘San Siro’ (85.700 lugares).
Técnico: Carlo Ancelotti.
Estrela: Kaká (meio-campista).
Fique de olho: Gourcuff (meio-campista).
Quem chegou: Favalli (Inter), Brocchi (Fiorentina), Gourcuff (Rennes – FRA), Coppola (Ascoli), Borriello (Treviso), Bonera (Parma), Ricardo Oliveira (Betis – ESP).
Quem saiu: Amoroso (Corinthians – BRA), Dalla Bona (Napoli), Stam (Ajax – HOL), Rui Costa (Benfica – POR), Shevchenko (Chelsea – ING), Abbiati (Torino), Vogel (Betis – ESP).
Pretensão: disputar o título.

Para quem correu o risco de ser rebaixado (ainda que as causas estejam meio obscuras), uma temporada com chances de vencer nos três frontes até que não está má. Não chegaram os reforços esperados? Pesa, mas parece que o pior da temporada ficou para trás.

Ancelotti tem a vantagem de contar com o elenco mais entrosado, experiente e equilibrado da Série A. O que pode causar problemas é a falta de profundidade. Or exemplo: Dida não tem um reserva que lhe ponha uma sombra; Cafu está em xeque depois da Copa do Mundo e Ricardo Oliveira não é Shevchenko.

Mesmo assim, é inegável que nomes como Seedorf, Pirlo, Kaká e Nesta são capazes de propulsionar o Milan para qualquer titulo. Se o elenco se mantiver sem lesões e o brasileiro Oliveira atender às expectativas do clube, mais uma vez, o Milan é favorito para tudo. Especialmente se bater a Inter no primeiro derby, em outubro.

Palermo

Estádio: Renzo Barbera ‘La Favorita’ (37.000 lugares).
Técnico: Francesco Guidolin (novo).
Estrela: Andrea Barzagli (defensor).
Fique de olho: Cesare Bovo (defensor).
Quem chegou: Amauri (Chievo), Bresciano (Parma), Bovo (Roma), Simplicio (Parma), Pisano (Sampdoria), Fontana (Chievo), Guana (Ascoli), Parravicini (Fiorentina), Dellafiore (Treviso), Cassani (Verona), Munari (Verona), Diana (Sampdoria), Capuano (Bologna).
Quem saiu: Gonzalez (Inter), Codrea (Messina), Rinaudo (Siena), Godeas (Chievo), Makinwa (Lazio), Barone (Torino), Virga (Roma), Accardi (Sampdoria), Santana (Fiorentina), Grosso (Inter), Modesto (Reggina), Gasbarroni (Juventus), Terlizzi (Sampdoria), Bonanni (Sampdoria), Mutarelli (Lazio), Pepe (Cagliari), Lupatelli (Fiorentina).
Pretensão: vaga na Liga dos Campeões.

Com mais uma temporada regada pelo dinheiro do presidente Maurizio Zamparini, o Palermo quer entrar de vez na elite, aproveitando-se da ausência da Juventus. Time? Bem, para o título, seria uma surpresa grande, mas um Palermo freqüentando eventualmente a ponta não assustaria ninguém.

O Palermo deste ano deve ser o oposto do que se pretendia ver no ano anterior, quando o ofensivo Del Néri chegou ao Barbera. Guidolin é italianíssimo, montando um time que ataca muito mais pelas alas, joga com um mediano praticamente encostado na defesa e com uma retaguarda fechadíssima.

O resultado final é que seus times não proporcionam espetáculos, mas quando se entrosam, concedem pouquíssimas chances ao adversário. O seu maior problema será suportar a pressão de seu presidente, que quer escalar time e gosta de demitir treinadores.

Em campo, seus maiores trunfos são os campeões mundiais Zaccardo e Barzagli e os atacantes Di Michele e Amauri. O time palermitano deve ser um rival duríssimo caso parta bem no campeonato. Se entrar na pressão por resultados, pode acabar no lado errado da tabela.

Roma

Estádio: Olímpico (82.000 lugares).
Técnico: Luciano Spaletti.
Estrela: Francesco Totti (meia-atacante).
Fique de olho: Faty (defensor).
Quem chegou: Pizarro (Inter), Cassetti (Lecce), Tonetto (Sampdoria), Corvia (Ternana), Virga (Palermo), Faty (Strasburgo), Zotti (Ascoli), Martinez Vidal (Brescia).
Quem saiu: Cufrè (Mônaco – FRA), Alvarez (Messina), Mido (Tottenham – ING), Cerci (Brescia), Dacourt (Inter), Bovo (Palermo), Corvia (Siena), Galloppa (Ascoli), Kuffour (Livorno), Nonda (Blackburn Rovers – ING), Galasso (Frosinone).
Pretensão: disputar o título.

A Roma, na opinião desta coluna, é o time que melhor se reforçou neste verão europeu. Claro que a Inter fez contratações melhores, mas as da Roma foram muito mais miradas e baratas. E com o trabalho de Spaletti, é possível que o time da capital surpreenda as expectativas e feche o torneio na frente de Milan e Inter.

A defesa romanista já era boa com Chivu e Mexes, mas com as chegadas de Cassetti e Tonetto (por valores irrisórios), pode se confirmar como a melhor do país. No papel, é uma linha que marca muito bem, mas não abre mão de apoiar. E além disso, ainda tem o francês Faty, que pode jogar na zaga ou como mediano, chegando ao custo de zero euros.

No meio, o time também deu um golpe de mestre ao tirar Pizarro da Inter para fazer uma dupla ótima com De Rossi na frente da defesa. Os dois garantem uma liberdade maior para Totti e ainda asseguram criatividade. O brasileiro Mancini segue como um ponta direita e no ataque, o sérvio Vucinic deve surpreender muita gente com sua versatilidade.

A Roma é mesmo candidata ao título? Embora não tenha o ‘glamour’ de Inter e Milan, sim, é candidata. Por três motivos: primeiro, porque tem um técnico muito bom; segundo, porque se reforçou com muita inteligência, e terceiro, porque corre por fora, sem pressões. Obstáculo? A Liga dos Campeões, que pode consumir energias que farão falta na reta final.

– A escolha do Milan por Ricardo Oliveira deixou praticamente todos surpresos, mas tem a sua lógica.

– O clube manteve um perfil discreto depois do escândalo e não quis fazer contratações que levantassem suspeitas nem atenções.

– Esportivamente, Ancelotti precisava de um centroavante de área, e como perdera Ibrahimovic para a Inter, aposta no brasileiro, que terá um espaço incomum para um jogador sem renome internacional.

– Ao se desfazer de Kuffour e Nonda, Spaletti deixou claro que o primeiro decepcionou na primeira temporada e que pretende atuar só comum atacante.

– Em tempo: o empate italiano com a Lituânia em seu primeiro jogo oficial não confortou imprensa e torcida.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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